quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

[Recomendo] As Aventuras de Tintim - O Segredo do Licorne.


Então… Eu ia fazer uma resenha do filme As Aventuras de Tintim – O Segredo do Licorne, mas eu me demorei e o momento passou. Porém, ainda há tempo para ‘clonar’ uma reportagem, mais que uma resenha, sobre a história do filme e de Tintim, o que é melhor. Segue a matéria de Luís Antônio Giron para a revista Época. Inseri algumas fotos no meio do texto dele, só pra gente visualizar melhor. Meus comentários vem abaixo do texto. ;-) 

O longa-metragem de animação em 3D As aventuras de Tintim – o segredo do Licorne, dirigido por Steven Spielberg, estreia nesta semana na Europa – em 21 de dezembro nos Estados Unidos e em 20 de janeiro de 2012 no Brasil – cercado de possíveis controvérsias. Isso porque o jovem repórter, personagem do desenhista belga Georges Prosper Remi, conhecido como Hergé (1907-1983), coleciona inimigos não apenas nas histórias em quadrinhos que protagonizou entre 1929 e 1983, como principalmente fora delas: os primeiros quadrinhos de Tintim refletiam a ideologia direitista de Hergé antes da Segunda Guerra Mundial. 
Hergé
As primeiras histórias de Tintim eram abertamente racistas, fascistas e eurocêntricas: As aventuras de Tintim no país dos Sovietes, de 1930, investia contra o regime comunista; Tintim no Congo (1931) pintava os nativos como vilões; Tintim na América(1932) fazia o mesmo com os indígenas americanos. Em A estrela misteriosa (1942), seus inimigos são judeus. Nos anos 1950, Hergé promoveu uma faxina ideológica em suas histórias, amenizando ou retirando os traços e conteúdos preconceituosos. Mesmo assim, a pecha de fascista e racista continuou a lhe ser atribuída e a atrair antipatia a Tintim – fato, talvez, que tenha atrasado o lançamento dos 25 álbuns de Tintim nos Estados Unidos, que só aconteceu no fim dos anos 1980. 
A questão que persiste é a seguinte: é possível salvar Tintim de seu passado, que salta dos quadrinhos e se afigura real, parte de episódios tristes da história recente da civilização? Se depender de Spielberg e seu parceiro no projeto, Peter Jackson, sim. A dupla de cineastas passa por cima das histórias preconceituosas de Hergé – e criar uma série de filmes de animação baseadas em adaptações, muitas vezes em fusões de várias aventuras em um longa-metragem só. É o que acontece em O segredo do Licorne. Trata-se de uma acoplagem de três aventuras de Tintim: a que dá nome ao filme, lançada em 1943, além de O tesouro de Rackham, o terrível(1944) e Tintim no país do Ouro Negro (1950). Para os puristas, Spielberg praticou uma heresia. 
Mas o cineasta encontrou uma maneira de lançar o piloto da série, apresentando a maior parte dos personagens: o destemido repórter Tintim e seu cão Milou, o capitão Hadoque, os investigadores Dupond e Dupont e a diva da ópera Castafiore – que não aparece no Segredo do Licorne, e sim em Tintim no país do Ouro Negro. (na versão original, pois no filme ela aparece.) 
A fusão de aventuras foi bem sucedida, e o filme contém aquela qualidade de ação vertiginosa das aventuras de Indiana Jones que Spielberg popularizou nos anos 80. Tintim, Milou e Capitão Hadoque saem pelo mundo em busca de um tesouro pirata escondido – o que permite que passeiem, diferentemente da história original, pelo deserto do Saara e outros lugares. Quem não leu as histórias não vai notar as emendas. Quem leu, terá assunto para discutir. 
Tintim aparece como um herói absoluto, de caráter e reputação ilibadas, sempre às voltas com a descoberta da verdade. “Meu trabalho é fazer perguntas”, diz ele, a certa altura do filme. Esse aspecto de limpeza ideológica do filme é esperado em Spielberg, uma espécie de apóstolo da inocência que prega seu evangelho à turba corrompida de Hollywood. Spielberg considerou o ato de contrição que o próprio Hergé fez nos anos 50, quando escoimou suas histórias de traços fascistas. Com o filme, Spielberg perdoa e abençoa Tintim. Ele conheceu o personagem em 1983, quando filmava Indiana Jones – e teve de ler as aventuras de Tintim em francês, sem entender uma palavra do idioma. Mas ficou tão encantado com as histórias e o traço de Hergé que telefonou ao artista e combinou que iria filmar as histórias. Hergé morreu duas semanas depois, e as negociações continuaram com a viúva do desenhista. 
Spielberg esperou quase 30 anos para levar Tintim às telas, porque não havia tecnologia capaz de transpor o traço, as cores, os quadros, os personagens e as sequências de Hergé para o cinema. Foi preciso que os estúdios Wetta, em Wellington, Nova Zelândia, dirigidos por Peter Jackson, desenvolvessem a técnica de action capture para que o cineasta começasse a pensar no roteiro. 
Peter Jackson. 
Ele é um hobbit e o Capitão Haddock. 
Mil facetas..rsrsrs
Com os avanços posteriores da técnica mostrados no pioneiro Avatar (2009), de James Cameron, Spielberg finalmente conseguiu reunir uma equipe de animadores, desenhistas e especialistas em efeitos especiais para realizar seu sonho: mostrar os personagens de Hergé exatamente com o aspecto pelo qual eram exibidos nos quadrinhos.  



O ator inglês Jamie Bell está irreconhecível, e igualzinho a Tintim no filme.

Assim também Andy Serkis (o Gollum de O senhor dos anéis, e King Kong, dos filmes homônimos de Peter Jackson), como Capitão Hadoque.  



As imagens resultantes não são nem realistas como um filme de ação, nem totalmente descoladas do mundo real como nos desenhos animados. Trata-se de uma espantosa realidade paralela, tridimensional, jamais vista no cinema. As interpretações dos atores são “filtradas” por uma câmera virtual, e transportadas para um outro ambiente de ação digital. Spielberg estreou no 3D com todo o seu gênio visual: explora a estética tridimensional com sutileza e grande intuição.

Pela primeira vez desde Avatar, o espectador vive uma experiência sensorial inédita no universo 3D. 

Quanto ao passado de Tintim, ele parece ter sido totalmente sepultado. O que vemos nas telas é uma versão jovem e contemporâneo do herói clássico, amante da verdade e da razão. Um herói tão eficaz que consegue superar os preconceitos que o geraram, sem apagar a contribuição de Hergér. Tintim venceu, assim. o seu pior inimigo: o seu criador. Se você puder, não espere a estreia no Brasil – e vá ver Tintim e o segredo do Licorne onde ele estiver passando. É um grande filme de animação.
Daniel Crag como Red Rackham, o arqui-inimigo de Haddock, também irreconhecível. O narigudinho ali do lado esquerdo.


Ok! Minha vez.
Eu realmente achei o filme excepcional em termos de produção e arte. A aventura vertiginosa - que sempre me foi cansativa - é empolgante e divertida. O mistério começa nos cinco primeiros minutos do filme e se estende até o minuto final, deixando um gostinho de quero mais. A mesmíssima sensação que eu tinha quando criança e via os desenhos do Tintim na TV Cultura e ficava esperando o dia seguinte pra passar de novo. Aliás, eu tive essa sensação durante o filme todo. Talvez pelo fato de nos desenhos as coisas precisarem acontecer rapidamente e neste filme o lance todo não tem introdução, a ação começa logo de cara. As trapalhadas de Dupond e Dupont são hilárias e Milú é o cachorro mais fofo do mundo do entretenimento.
Porém, não concordo plenamente com a questão do 3D. Sim, é bem feito e tudo, mas tem somente algumas partes, poucas, que a gente vê o 3D meeeesmo! Vê as coisas saltarem da tela. No mais é só um filme com tudo maior, mais perto da gente. Não sei se são meus olhos, mas nem quando fui ver Harry Potter e as Relíquias da Morte - parte II na sala IMAX eu vi muita coisa desse 3D pregado por aí. Eu achei a experiência no IMAX a melhor desde que pisei pela primeira vez numa sala de cinema, mas mesmo assim, poucas coisas saltaram no meu colo, o que eu considero o efeito mais importante da tecnologia, senão o essencial.
Agora, a história pregressa do nosso querido repórter investigativo me deixou de queixo caído. Por isso mesmo quis transcrever a reportagem, pois talvez tenha algum desavisado como eu que vai descobrir que todo mundo, até um herói fictício, tem seu esqueleto no armário...hahahahaha... Mas, Tintim se redimiu sim, e eu continuo fã! ;-)
Como disse o jornalista, vale a pena ir ver Tintim, mesmo que seja só pra ter aquele gostinho de infância e aventura. Eu recomendo!

6 comentários:

  1. Eu fui com o Tiago e a Carol, esperávamos mais.

    O filme é idêntico a um dos desenhos que inclusive temos em casa, de qualquer forma valeu! A Ca falou "eu já vi esse filme, só que era desenho!".

    Se você baixar a expectativa será um ótimo filminho.

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  2. Eu sempre adorei Tintim, também quando passava na Cultura! Estou muito ansiosa pra assistir a esse filme!!!! Quanto às facetas racistas e preconceituosas... Sabia disso não!! Olha só!

    Espero que Spilberg tenha feito um bom trabalho! =)
    Se bem que eu sempre gostei dos filmes que ele dirige e/ou produz.

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  3. Mesmo nos desenhos animados o facismo de Hergé é evidente. Mas, não vejo aí o verdadeiro facismo, uma vez que o autor expressa uma postura típica de sua época. Facismo mesmo é o atual, com a sua contínua mania de querer purificar tudo, inclusive o passado; é anacrônico. Não é de hoje, aliás, que o moralismo pedante tenta fazer da arte o seu sermão edênico: todo mundo feliz e sem pecados. A propósito, o Dalai Lama condecorou com o prêmio "Luz da Verdade" o personagema, pois a Fundação Hergé exigiu a retirada da tradução chinesa da obra, que havia sido lançada com o título "Tintim no Tibete Chinês".

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    1. Gente!!!! Rogério Carvalho e Ricardo Lago comentando no meu blog!! To ficando importante no meio desses teólogos, viu?!
      Ou, isso é fruto de amizade verdadeira...hahahahaha

      Valeu Herege!

      bjs!

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