sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

[Entrevista] Gary Oldman - Tinker Tailor Soldier Spy

Ok, estou enrolando desde quarta (dia que fui no cinema) pra fazer uma resenha sobre o filme O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy), que estreou semana passada nos cinemas PlayArte e deve sair logo menos nos outros. Eu ainda vou fazer a resenha, assim que assistir de novo, porque eu preciso "entender" melhor o que se passa nesse filme genial. 


Daí, eu fuçando sobre críticas (hoje achei uma que fiquei revoltada, do mesmo autor desta matéria a seguir, mas tudo bem), encontrei uma entrevista que o "delícia, delícia, assim eu vou à óbito" (brincadeira. Ele é delícia sim, mas DETESTO essa música), Gary Oldman concedeu à Revista Época sobre o filme e seu personagem. E qual não foi a minha surpresa que deixou meu final de sexta cheio de vômito arco-íris pela sala, ao descobrir mais alguns segredinhos do Gaz, ESSE LINDO! 


Não resisti e coloquei notinhas no meio da coisa toda, para não explodir de vontade de compartilhar meus siricuticos com vocês! Enjoy! ;-D




Apresentado em 1974 pelo escritor John le Carré, George Smiley é considerado um dos espiões mais realistas a ser produzidos pela literatura. Manejando uma personalidade metodicamente quieta, com gestos econômicos e grande melancolia, Smiley, o protagonista de O espião que sabia demais, é um burocrata padrão que está longe do expansivo e charmoso James Bond. Sua missão, após ser resgatado da aposentadoria, é encontrar, dentro dos altos escalões do Serviço Secreto Britânico, o MI6, quem é o agente duplo da organização que está alimentando os soviéticos com informações ultrassecretas durante a Guerra Fria, no começo da década de 1970. 


Dirigido pelo cineasta sueco Tomas Alfredson (que se destacou, em 2008, com o filme de vampiros Deixe ela entrar), O espião que sabia demais é uma brilhante e cerebral charada de espionagem que vai se desdobrando vagarosamente, como os movimentos de Smiley. (detalhe: na matéria publicada hoje, que citei acima, esse jornalista em conluio com uma outra jornalista disse que o filme não é bom.) O personagem se tornou icônico na década de 1970, quando o ator inglês Alec Guinness (mais conhecido como o Obi-Wan Kenobi de Guerra nas Estrelas) o interpretou numa popularíssima série da TV britânica. Nesta nova versão, o ator Gary Oldman prova que é possível apresentar uma nova leitura do personagem. “Aproximei-me de George como se ele fosse um Hamlet ou uma Blanche Dubois, no qual meu estilo seria comparado com o de outros grande atores e que eu teria que me sobressair bem para não ser inferiormente comparado com as mais brilhantes caracterizações”, disse o ator a ÉPOCA. 


Oldman passa boa parte dos 20 minutos iniciais desta produção completamente imóvel e com a indecifrável feição de uma esfinge, ouvindo os depoimentos de seus colegas, interpretados por um time de bons atores encabeçado por Colin (Mr. Darcy-Delícia) Firth, o vencedor do último Oscar de ator (O discurso do rei). Tal quietude em cena é algo totalmente diferente da imagem de ator bombástico e ruidoso que Oldman projetou no começo dos anos 1990, quando ele se tornou um dos mais respeitados atores de sua geração. Oldman interpretou desde o cafetão violento de Amor à queima roupa (com roteiro de Quentin Tarantino) e o Drácula original, do escritor Bram Stoker, a personagens reais como o músico punk Sid Vicious ou Lee Harvey Oswald, o assassino do presidente John Kennedy, no filme JFK – A pergunta que não quer calar. Ele também teve sua parcela de bad boy, lutando contra o alcoolismo (OMG!),  uma ruidosa batalha de guarda pela filha e intempestivos relacionamentos amorosos com atrizes como Uma Thurman e Isabella Rossellini. Hoje, pai de família, mais calmo e mais filosófico sobre seu ofício, Oldman experimenta uma segunda fase em sua carreira, graças aos populares personagens (e secundários) que ele interpreta em duas franquias cinematográficas: a trilogia Batman (no papel do comissário Jim Gordon) e a cinessérie Harry Potter (como Sirius Black). O ator recebeu a reportagem de ÉPOCA em uma suíte do hotel cinco estrelas Waldorf-Astoria. 


ÉPOCA – Um dos principais pontos de sua performance em O espião que sabia demais é a transformação física. Como o senhor se preparou para interpretar um velho espião? 
Gary Oldman – Alec Guinness tinha quase 70 anos quando interpretou Smiley. Então, minha reação original era a de que eu era muito novo para o papel. Ou, pelo menos, considero-me um brotinho (risos).(EU TAMBÉM GAZ, TOCA AQUI! \o) Naturalmente eles tiveram que pintar meu cabelo de grisalho. Os óculos também foram muito importantes. Para mim, eles são o equivalente ao (carro) Aston Martin para o James Bond, algo icônico. O filme pedia por uma cena em que meu personagem vai nadar em um lago. Sabia que iria vestir alguma sunga ou shorts daquele período, então queria que a região do meu abdômen tivesse os pneuzinhos de um homem de meia-idade, aposentado. Dei início à dieta “Comendo para o George”, que é basicamente um desculpa para você comer porcaria (eu sabia que aqueles pneuzinhos estavam na pessoa errada!). A pior parte foi perder o peso novamente. 


ÉPOCA – O senhor tem prazer em ser esse tipo de ator camaleônico? 
Oldman – A parte divertida de meu ofício é poder interpretar pessoas diferentes. Acho que fui bastante influenciado pelo Alec Guinness, em comédias como As oito vítimas, na qual ele intepretava sete personagens diferentes. Ele usa perucas, nariz postiço, faz uma avó que também vem a ser diretora de uma escola... Peter Sellers, que também usou muita prótese e se vestiu de mulher, é outro herói para mim. Sou muito influenciado por coisas assim, de mudar minha forma física, minha voz... 


Quando fiz O quinto elemento (ficção-científica dirigida por Luc Besson), inspirei-me no Pernalonga e no Ross Perot. Quando fiz o Sid Vicious (que ficou brilhante, BTW), entrevistei um viciado em heróina que descreveu a seguinte sensação pós-consumo da droga: "imagine sua espinha enrolada em algodão”. 








ÉPOCA – Como o espião George Smiley foi descrito para o senhor? 
Oldman – Tem uma passagem no livro de onde tirei a imobilidade e quietude do personagem. Nela, Smiley é descrito como “uma pessoa que pode regular sua temperatura interna em cada sala ou situação em que ele se encontra”. Ele é como um desses insetos camuflados. Ele se transforma na cadeira onde se senta, desaparecendo completamente do ambiente em que se encontra. Smiley também é sadista, gosta de cutucar as pessoas até arrancar a informação que precisa. Há um grande lado masoquista também. Ele não procura uma forma de retribuição sexual, e se recusa a ir atrás da sua amante que desapareceu. 


ÉPOCA – O senhor sempre tenta imprimir um lado pessoal em seus personagens? 
Oldman – É incrível para mim ver pessoas que não podem atuar. E não estou falando de maus atores que talvez tenham uma carreira por ai (risos). Estou me referindo às pessoas comuns que acham que atuar é uma coisa completamente impossível de se fazer. Sempre respondo a elas, sem ser arrogante, que é possível e é fácil atuar. 


ÉPOCA – O que não é uma verdade. 
Oldman – (risos) Às vezes entendo a insegurança das pessoas a respeito de acreditar que não podem atuar. Toco guitarra e não sou um bom guitarrista. Quando vejo um músico tocar brilhantemente, é sempre um mistério para mim. 


ÉPOCA – Como o senhor descreve John le Carré. Ele deu alguma dica de como construir Smiley? 
Oldman – O que você precisa saber a respeito de Smiley está no livro. Mas procurei le Carré para saber um pouco mais de como era George em suas missões pré-aposentadoria. John falou muito sobre o nível de paranoia desses espiões, de eles estarem no meio de uma missão e ouvir surgir o barulho de passos na escada, ficando completamente congelados com a ideia de que estavam prestes a ser desmascarados. John foi como um passageiro nessa produção. Ele esteve presente caso você precisasse dele, mas criativamente ele delegou todas as decisões para o diretor. Ele fez duas observações. Pediu que o diretor não filmasse o livro literalmente. “Faça algo original”, foram as palavras dele. E tinha uma cena em que discuto com um dos espiões e digo a frase “segredo é um hábito”. John disse para tirarmos isso do filme, pois, segundo ele, um espião jamais falaria isso para outro (risos). John faz uma ponta no filme, interpretando um dos convivas que está na festa de Natal do MI6, cantando o hino nacional russo. 


ÉPOCA – É fácil para o senhor apontar um personagem favorito em sua carreira? 
Oldman – O cafetão de cabelo rastáfari de Amor à queima-roupa. Ele se parece comigo! Brincadeira (risos). O que acho fascinante é que sou muito mais popular entre os coleguinhas da escola de meu filho mais novo por ter narrado o videogame violento Call of duty do que pelo personagem Sirius Black que fiz em Harry Potter. Vai entender essa criançada. (pois é, vai entender!)


ÉPOCA – À propósito, que tipo de guitarra o senhor toca? 
Oldman – Tenho uma Martin. Também tenho uma muito velha Gibson, de 1910. Mas agora estou aprendendo a tocar cavaquinho (ukelele). Estou completamente obcecado pelo instrumento (risos). (toca um sambinha que eu danço pra você, SEU LINDO!)


Vocês viram quantos (risos) tem nesta entrevista? *o* Eu já cheguei a conclusão uma par de vezes: "a vida ao lado deste cara deve ser divertida demais!"


Enfim, eu não sei por que mas fiquei com uma sensação que o George R.R Martin sabe entrevistar melhor do que esse cara. (se você ficou curioso, veja aqui )Cada perguntinha! Poderia ter aproveitado muito melhor a oportunidade de ter Gary Oldman na sua frente e explorar bem mais as perguntas pra conhecer melhor o personagem e o próprio ator. 


De qualquer maneira, eu A-DO-REI e fiquei mais fã! (onde é que eu vou parar?!) xD


Fonte: Época

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Não entendi este parêntesis: "Colin (Mr. Darcy-Delícia) Firth". o Colin Firth interpretou o Mr. Darcy em alguma das versões de "orgulho e preconceito" que eu não assisti?
    mas adorei a entrevista também. ficar mais fã do que eu já era, isso já é meio impossível, mas seus siricuticos fizeram uma grande difrença (ri dimaiis!!! ) engraçado ele não citar "o profissional", é uma de suas interpretações mais elogiadas pela crítica. Vou ter que conferir mais este filme dele, agora.
    ops: deletei sem querer, queria editar. Li do mesmo autor: "o espião que saiu do frio".

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