Hoje, dia 19 de janeiro de 2012,
meu coração está estranho. Minhas emoções estão meio à flor da pele. Hoje,
minha irmã faz 18 anos de idade. 18 ANOS! Eu quero chorar...
A gente falou sobre isso na
semana passada e ela me disse que não queria pensar nisso, porque 18 anos é
idade de velho. Ela não queria se sentir velha. Eu a entendo bem. Eu tenho 33
anos e me sinto com 18, ou menos. A gente nunca quer sentir a idade que tem.
Acho que quem consegue sentir sua idade e ficar bem com ela, chegou a um ponto
de amadurecimento que almejo alcançar. Mas hoje eu quero falar um pouco
dos sentimentos que estão fazendo sapateado no meu coração.
A Claudia, minha irmã, não é
minha irmã de verdade. Peraí! Como assim?! O fato é que a Claudia não é minha
irmã de sangue, só que ela é minha irmã de verdade, entende? Acho que o lance
de sangue é muito pequeno quando está envolvido o sentimento. O sentimento de
irmã, de cumplicidade, de vontade de ficar junto, de família é maior do que o
laço de sangue. Mas, esta história começou bem antes, antes mesmo desse laço de
irmã de concretizar no meu coração de verdade.
A gente morou na mesma casa uma
época, mas ela era mais pequerrucha do que é hoje, então, as afinidades não
eram tão fortes. Nossos mundos eram muito diferentes e distantes, mesmo a gente
morando sob o mesmo teto. Depois eu me mudei e acabei conhecendo um bando de
loucos, viciados em Harry Potter e isso trouxe para a minha vida um estilo. Eu
considero um estilo de vida. Eu me debrucei mais sobre as artes do
entretenimento, sobre a literatura e sobre os amigos que este estilo de vida me
proporcionou. Como o mar sempre trás de volta para nós algo que é nosso, junto com
a onda, veio a Claudia. Ela também é fã de Harry Potter e então encontramos um
ponto em comum para discutirmos, nos divertimos e trocarmos figurinhas,
literalmente.
Nessa época ela já era maiorzinha
e mostrava cada vez mais sua personalidade marcante. A Claudia é do tipo de
garota que volta com o bolo pronto quando você está indo com a farinha. Ela é
muito esperta, uma das pessoas mais espertas que eu conheço, e dá um nó na
gente com o pé nas costas. Isso é bem típico de criança, e eu sei que ela já era
assim quando criança, mas a coisa foi só aumentando e se tornando consolidada
em sua personalidade conforme ela crescia. Eu fico o tempo todo esperando
alguma tirada engraçada dela, ou algum raciocínio dela que vai evidenciar o
quão lerda eu sou. Já deveria ter me acostumado, mas é sempre uma surpresa e uma
diversão. Eu adoro esses momentos!
A Claudia tem o espírito do
líder. Outro dia a gente foi ajudar a Fernanda – mãe da Clau – a terminar um
serviço da empresa dela que precisava ser entregue naquele dia e estava tudo
atrasado. Beleza, lá fomos nós bem cedinho colocar a mão na massa. A Claudia contou
e separou as peças que eram mais urgentes e metemos bala. Enquanto eu terminava
algumas peças, ela e a Fe já foram embalando as prontas e a Claudia era quem
coordenava tudo, contando quantas peças de cada modelo e cor tinham e quais já
podiam ser embaladas. Volta e meia eu ouvia a Fernanda perguntando prá Claudia
quais eram as certas, quantas tinham em cada caixa e de cada cor. Ela sabia
tudo. Teve uma hora que eu vi um defeitinho numa peça e falei prá Claudia: “Eu
mostro prá sua mãe?” Ela me disse: “Não. Ela vai pedir prá eu arrumar. Deixa
que eu mesma arrumo.” Eu fiquei pensando: essa guria tá me saindo melhor que a
encomenda. E analisei a situação da seguinte forma: a Fernanda é a mãe dela,
dona da empresa e responsável pelo serviço, mas hoje quem comandou o mutirão
prá tudo ficar pronto na hora foi a Claudia, e sem perguntar: “O que eu faço
agora?” Nesse dia eu tive um pequeno vislumbre de como estou me sentindo hoje.
Além de tudo a Claudia é séria,
meio durona. Ela nunca te recebe com um sorriso gigante no rosto e um beijo
estalado. Ela é bem tímida prá demonstrar emoções e sentimentos. Mas quem a
conhece sabe que por baixo dessa pinta de adolescente mal-humorada, tem uma
garota gentil e amorosa. Uma garota que se doa em benefício de quem está do
lado dela, por puro desprendimento. Ela divide o que tem, mesmo que goste
demais daquilo que é dela, só prá ver a outra pessoa feliz. Ela simplesmente
abre mão. Ela é assim, mesmo dizendo bem alto que “não sou obrigada, meu marido
tem dois empregos”. Ela não gostava de tirar fotos comigo, mas de tanto ser
chata com ela, acho que ela cedeu. Olha que linda!
A gente se junta sempre prá ver
um filme (se for aqui em casa é Harry Potter, claro!), ou no cinema. Ou a gente
senta prá conversar sobre livros, músicas e séries de TV. Agora vocês entendem
melhor porque eu gosto tanto da companhia dela. Além de ela ser um amor, a
gente tem assunto prá mais de metro. Fizemos até uma lista de filmes que a
gente tem que ver juntas, seja no cinema ou no DVD.
E eu estou aqui, pensando em
todas essas coisas e sentindo uma falta lascada da Claudia. Neste momento ela
está lá em Sorocaba, fazendo a matrícula pra faculdade e eu sei que ela vai
embora em breve. Talvez ela nem vá morar lá, mas mesmo assim, ela vai embora. Sem
contar que ela vai mudar prá outra casa, o que vai me deixar mais longe dela
ainda... E ela vai prá faculdade. Vai crescer mais, vai fazer amigos, vai
namorar, vai amadurecer, vai mudar.
Tudo bem, não é o fim do mundo. É
só o curso natural das coisas e eu quero que tudo seja assim. Eu quero que ela cresça
mesmo, que ela ganhe o mundo, que ela viva todas as experiências que puder, e
que seja feliz. Não é o fim do mundo mesmo, é só o começo. Mesmo assim, vai
ficar faltando um pedaço de mim.
Todas as vezes que eu pensar nela
sentada na aula cheia de gente bonita da idade dela em volta, em todos os
amigos que ela vai fazer e que vão invejá-la por ela ser uma das mais espertas
e inteligentes da turma. Em todos os garotos que vão pagar o maior pau, mas
terão medo de chegar perto porque afinal, ela é a Claudia. Todas as vezes que
eu ficar imaginando o que ela vai estar fazendo, enquanto eu queria que ela
estivesse comigo, comendo pipoca com catchup e vendo Harry Potter pela milionésima
vez. Todas essas vezes eu vou sentir alegria por ela, mas eu vou sentir um
pedaço de mim faltando, um vazio.
E depois eu vou ficar na
expectativa de como será quando a gente se reencontrar. Quais as coisas que ela
vai contar de novo, de diferente. Quais amigas novas ela vai citar e eu vou
ficar morrendo de ciúmes, os livros novos que ela leu e que eu nunca vou ter
ouvido falar. Ela vai voltar diferente, eu sei.
Mas, eu sei – mesmo com esse nó
no peito – que apesar de tudo, ela vai continuar sendo a minha irmãzinha. A
minha caçulinha, que é a cara da Ginny Weasley. No meu coração, ela vai
continuar sendo essa garota linda, inteligente, mal-humorada às vezes,
impaciente às vezes, meninona às vezes e na maioria das vezes a madura, a
líder.
Hoje é o aniversário de 18 anos da
Claudia e eu queria poder dar um carro prá ela de presente, uma viagem muito
legal, um intercâmbio na Inglaterra prá ela aprender inglês... Mas, eu comprei
um livro, que achei que ela ia gostar. Eu comprei esse livro e quando estava
voltando prá casa (ontem), eu me dei conta de que tinha comprado o livro
errado. O livro que eu queria é o último de uma série, mas na verdade eu
comprei o penúltimo livro e só percebi depois. Agora, ela vai ter que trocar o
que pode ser uma vantagem, pois ela vai poder decidir se quer mesmo esse livro
ou outra coisa. O curioso é que se ela estivesse comigo na hora que eu peguei o
livro com certeza isso não ia acontecer. Ela falaria prá mim, com cara de quem
segura uma gargalhada: “Dani, esse é o quinto livro da série e não o sexto e
último. Esse eu já tenho, lembra?” É, seria assim e seria mais uma das várias
vezes que eu me daria conta do quão lerda eu sou. Isso é a vida quando se tem
uma Claudia Rodrigues Barcelli nela. E a vida nunca mais será a mesma.
Clau, não sei se você vai ler
isso, mas este texto é dedicado a você, em gratidão por estar na minha vida,
pelo seu aniversário e pela vitória de ter entrado na faculdade. Parabéns! Eu
te amo!